Potência
Sem MT, Brasil perderia para os EUA no 'ranking da soja'
Estado vai produzir mais de 44 milhões de toneladas de soja, quase o dobro da produção prevista na Argentina
Rural | 23 de Março de 2023 as 10h 10min
Fonte: Felipe Leonel - Estadão MT

O Brasil vai colher mais uma safra recorde de soja na temporada 2022/23, conforme números do último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado em fevereiro deste ano. A produção total da oleaginosa brasileira será de 151,4 milhões de toneladas, 20,6% a mais que na safra anterior.
Sem Mato Grosso, entretanto, isso não seria possível, pois o estado localizado no Centro-Oeste brasileiro e também no centro geodésico da América do Sul é responsável por produzir 28,9% de toda a safra de soja nacional. Os sojicultores mato-grossenses estão com a colheita praticamente concluída, com uma produção que deve passar de 44 milhões de toneladas.
Nesse cenário imaginário, no qual o maior estado produtor do Brasil seria desconsiderado, o país perderia a liderança mundial dessa cultura para os Estados Unidos da América. Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, sigla em inglês), os produtores americanos vão colher 116,37 milhões de toneladas da oleaginosa.
Portanto, a safra americana de soja corresponde a quase 77% da safra brasileira. Caso nenhum mato-grossenses produzisse soja, o cenário iria se inverter. A safra brasileira seria de 107,5 milhões de toneladas, 8,86 milhões de toneladas a menos que a produção dos americanos. Ou seja, a produção brasileira iria corresponder a 92% da produção dos EUA.
A potência do agronegócio mato-grossense fica ainda mais evidente quando comparada à produção do terceiro maior país produtor de soja, a Argentina, que deve colher apenas 25 milhões de toneladas na safra 2022/2023. Mato Grosso vai superar a produção dos ‘hermanos’ em 19 milhões de toneladas.
Isto quer dizer que, se Mato Grosso fosse um país, ele ocuparia o 3º lugar de maior produtor de soja no mundo, deixando a Argentina em 4º lugar.
Presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), Fernando Cadore explica que o clima tem prejudicado a produção argentina, mas não só isso. Segundo Cadore, a produção do nosso vizinho está praticamente estagnada há 10 anos, em torno de 50 milhões de toneladas de soja.
Cadore atribui essa estagnação à alta taxação dos produtos ligados à produção e demais interferências do governo, reduzindo a competitividade do produto no mercado internacional, o que acaba inibindo investimentos no setor. A situação piora quando se vive problemas climáticos, como é o caso desta temporada, em que a Argentina vive uma seca que tem causado grandes prejuízos aos agricultores.
Para se ter ideia, a ‘Bolsa de Cereales’ estimava uma produção de 48 milhões de toneladas de soja no começo do plantio da safra. Depois, essa previsão caiu para 38 milhões e, no levantamento mais recente, já são apenas 25 milhões de toneladas.
“A commodity, de maneira geral, concorre com outros países do mundo. Não importa se é soja, se é milho, se é petróleo... A concorrência é no mercado internacional, e o preço é formado pelo mercado internacional. Quando qualquer país utiliza uma barreira tarifária dentro de um produto, você diminui a concorrência, exemplo disso é a Argentina”, disse Cadore, em conversa com jornalistas no começo desse mês.
Cadore ainda ressalta que, além de Mato Grosso superar os dois maiores produtores de soja do Brasil, juntos, Paraná (21,3 milhões de t) e Rio Grande do Sul (15,1 milhões de t), a produção mato-grossense também supera os dois maiores produtores dos Estados Unidos, os estados Illinois e Iowa, também juntos.
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