Documentário com direção do cineasta Ricardo Ramos revela a vida e a missão de Padre Fernando Góis, o ‘Padre Pé de Chinelo’

Com direção do cineasta e roteirista Ricardo Ramos, fotografia de Maribel Languidey e grande profissionais das arte visuais a produção vai buscar resgatar a trajetória de fé, entrega e luta social do homem que trocou os altares pelos presídios e as ruas.

Um homem simples, de sandálias gastas nos pés e coração cheio de fé, percorre os caminhos mais esquecidos do Brasil. Ele visita presídios, anda entre dependentes químicos, consola prostitutas, conversa com caminhoneiros deprimidos e reparte a palavra com crianças das vilas mais pobres. Esse homem é Fernando de Góis — ou como é carinhosamente conhecido, Padre Pé de Chinelo.

Sua história de vida inspiradora agora será contada em um documentário emocionante, que está em fase final de produção. O projeto é assinado por mim, Ricardo Ramos, e mergulha na trajetória de um homem que vive a radicalidade do Evangelho em sua forma mais autêntica. A proposta é sensibilizar o público e dar visibilidade a um tipo de fé vivida na prática, nas margens, nas dores do outro.

Do seminário à rua

Fernando foi formado entre os frades carmelitas, mas abandonou a vida eclesiástica tradicional para viver com os pobres nas ruas de Curitiba. Criou a Chácara Meninos de Quatro Pinheiros, onde acolheu e transformou a vida de dezenas de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. Muitos desses jovens, antes moradores de rua, hoje são profissionais bem-sucedidos, empresários e chefes de família.

Um altar chamado Cracolândia

O documentário percorre momentos marcantes da vida de Fernando, como o período que passou convivendo com dependentes químicos na Cracolândia, em São Paulo. “Se você não consegue viver com eles, você não tem o direito de rezar o Pai Nosso”, diz Fernando em uma das cenas mais fortes da produção. Foi ali que ele desenvolveu a “Pedagogia do Sonho”, um método simples e poderoso de escuta e reconstrução da esperança.

A fé nos lugares onde ninguém quer ir

Já em Confresa (MT), durante a pandemia, Fernando atendeu aos mais esquecidos: caminhoneiros em depressão, mulheres em situação de prostituição, famílias sem alimento, presos abandonados. Com sua voz mansa e chinelos nos pés, distribuiu não apenas orações, mas dignidade.

A ordenação aos 62 anos

Aos 62 anos, Fernando decidiu se ordenar padre. Não para assumir uma paróquia tradicional, mas para levar os sacramentos onde ninguém mais queria estar. “O meu altar será a rua”, afirma ele no documentário.

Produção sensível e potente

Com cenas gravadas em Curitiba, São Paulo, Bahia e Mato Grosso, o documentário traz depoimentos de ex-moradores de rua, presidiários, psicólogos, padres, o bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia e até familiares de Fernando. A trilha sonora original mistura cordas, piano e sons ambientes reais, criando um envolvimento emocional com o espectador.

A previsão é que o documentário estreie nos próximos meses em mostras, festivais de cinema e também nas redes sociais. Uma obra que não apenas retrata a vida de um padre, mas revela o poder transformador da fé quando ela desce dos púlpitos e se instala nos becos, nas celas e nos corações esquecidos.

Um filme sobre um homem de fé. Um grito de esperança em tempos de indiferença

Agradecimento:

A produção deste documentário também conta com o incentivo da cineasta Merci Ramos, que vem desempenhando um papel essencial no fortalecimento da cultura brasileira, estimulando artistas e agentes culturais a acreditarem em seus projetos, disputarem editais e viverem daquilo que amam: a arte e a cultura.