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Bom dia, Sexta Feira 18 de Julho de 2025

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Caso Emilly Sena

MP arquiva inquérito contra ex-marido, irmão e cunhado de mulher que matou adolescente grávida

As investigações concluram que não há provas de que os três participaram de qualquer forma do crime, pelo contrário, assim como outros membros da família, foram enganados pela criminosa

Polícia | 18 de Julho de 2025 as 07h 37min
Fonte: Unica News

Foto: Divulgação

O inquérito policial complementar que investigava a participação do ex-marido, irmão e cunhado de Nataly Helen Martins Pereira, no assassinato da adolescente grávida de 9 meses, Emilly Azevedo Sena, que teve o bebê roubado de seu ventre, foi arquivado. O arquivamento foi promovido pelo Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) após as investigações concluírem que não há provas de que qualquer um dos três tenha participado de qualquer forma do crime, pelo contrário, assim como outros membros da família, foram enganados pela criminosa.

Grávida de 9 meses, Emilly saiu de casa no dia 12 de março deste ano e disse para o pai que buscaria roupas de bebê que havia ganho em Cuiabá, pois contava com as doações para montar o enxoval. Nataly a atraiu para uma emboscada, onde a atacou, realizou o parto do bebê de maneira forçada e a deixou morrer sangrando. Vinte e quatro horas depois, o corpo da adolescente foi encontrado em uma cova rasa no quintal aos fundos da casa do irmão da assassina, que posteriormente confessou o crime.

Nataly foi presa no Hospital e Maternidade Santa Helena tentando registrar uma bebê recém-nascida, que mais tarde descobriu-se ser filha de Emilly. Ela confessou o crime e, a partir do inquérito principal, foi denunciada e ser tornou ré por feminicídio e outros sete crimes. Um inquérito complementar foi aberto e as investigações, conduzidas pelo delegado Michael Mendes Paes, concluiu que Cristian Albino Cebalho de Arruda, Cícero Martins Pereira Júnior e Aledson Oliveira da Silva — respectivamente, ex-marido, irmão e cunhado da criminosa — não tiveram participação no crime.

O irmão de Nataly e Aledson passaram a ser investigados após serem encontrados na casa do próprio Cícero, onde o corpo de Emilly estava enterrado em uma cova rasa. Christian se tornou alvo das investigações, pois estavam com a então esposa no hospital, quando a criminosa tentou registrar a filha de Emilly. Ele também publicava nas redes sociais fotos e vídeos de ultrassons que pensava ser da mulher, mas mais tarde se descobriram falsos.

Durante as investigações, ficou comprovado o álibi dos três homens. Aledson, que era Uber, estava trabalhando no momento do crime, assim como Cícero que atuava na construção civil e Christian em um restaurante. A Polícia Civil apurou ainda que o cunhado de Nataly só foi ao hospital a pedido da família, mas não tinha conhecimento da trama criminosa. De igual forma, o irmão também foi enganado, pois sua casa foi utilizada sem seu prévio conhecimento.

Em depoimento à polícia, a mãe de Nataly relatou que a chave da residência de Cícero ficavam em um “esconderijo” conhecido por toda a família, portanto o inquérito determinou que foi assim que ela conseguiu acesso à residência sem que o irmão soubesse. De igual forma, o depoimento da ex-sogra também corroborou para comprovar também a inocência de Christian, que foi enganado assim como outros familiares.

“Conforme relatado [de sua mãe], Nátaly apresentava histórico de simulações de gravidez mesmo após ter sido submetida à laqueadura, utilizando-se de exames falsificados e evitando ser acompanhada por familiares em consultas médicas. A declarante confirmou que toda a família foi enganada pela farsa arquitetada por Nátaly, a qual incluía a apresentação de fotos de ultrassonografia 3D e vídeos da suposta gestação. O relato materno evidencia que nem mesmo os familiares mais próximos tinham conhecimento das reais intenções criminosas da investigada”, diz trecho da decisão.

A investigação” foi exaustiva, tendo sido esgotadas todas as linhas investigativas plausíveis. Além da análise digital, foram realizadas oitivas, verificação de álibis, apuração de denúncias anônimas, perícias técnicas e outras diligências necessárias ao completo esclarecimento dos fatos”.

E, diante disso, a equipe técnica concluiu categoricamente que: "Não há indícios/provas capazes de imputar culpa do crime a Aledson Oliveira da Silva, Cristian Albino Cebalho de Arruda e Cícero Martins Pereira Júnior", não tendo sido localizada "nenhuma informação demonstrando que tais pessoas agiram como facilitadores/colaboradores do crime de homicídio qualificado e ocultação de cadáver da vítima Emelly Beatriz Azevedo Sena".

O inquérito complementar, apontou que sozinha Nataly matou, roubou o bebê de Emilly e enterrou seu corpo nos fundos da casa do irmão. “O Relatório Complementar, elaborado pelo Delegado Michael Mendes Paes, consolida todas as provas produzidas e confirma que apenas Nátaly Helen Martins Pereira autora dos crimes, tendo agido com dolo direto na execução de um plano premeditado”, consta no documento.

Diante da análise das provas, o promotor de Justiça decidiu pelo arquivamento: “Ante o exposto, o Ministério Público do Estado de Mato Grosso promove o arquivamento do presente inquérito policial complementar, com fundamento no artigo 28 do Código de Processo Penal, por ausência de indícios de autoria em relação aos investigados Aledson de Oliveira da Silva, Christian Albino Cebalho de Arruda e Cícero Martins Pereira Júnior, no que tange aos crimes objeto desta investigação”.

O caso

Grávida de 9 meses, Emilly saiu de casa no dia 12 de março e disse para o pai que buscaria roupas de bebê que havia ganho em Cuiabá, pois contava com as doações para montar o enxoval. Nataly a atraiu para uma emboscada, onde a atacou, realizou o parto do bebê de maneira forçada e a deixou morrer sangrando. Vinte e quatro horas depois, o corpo da adolescente foi encontrado em uma cova rasa no quintal aos fundos da casa de parentes da assassina, que posteriormente confessou o crime.

Emilly morreu por hemorragia, após ser asfixiada com um fio de internet — que a deixou apenas inconsciente — e ter a barriga cortada com uma faca de cozinha. "E como ela estava viva, tirou o nenê enquanto ela estava viva. Ela foi agonizando e morreu", destacou a Diretora Metropolitana de Medicina Legal, Dr. Alessandra Carvalho. A jovem morreu "exsanguinada", ou seja, perdeu todo o sangue de seu corpo. A hemorragia foi causada por dois cortes grandes feitos na barriga dela para retirar a bebê, em forma de "T".

Com Emilly ainda desaparecida, Nataly, acompanhada do marido, Christian Albino Cebalho de Arruda, foi presa no Hospital e Maternidade Santa Helena, tentando registrar uma bebê recém-nascida, que mais tarde descobriu-se ser filha da vítima, alegando ter parido em casa. No entanto, a equipe médica foi bastante perspicaz e percebeu que a mulher não tinha sinais parto recente. A suspeita foi confirmada através de exames.

Na confissão, Nataly isentou o marido e os outros dois de participação no crime e foi a única a se tornar ré no processo.  Ela responderá por oito crimes: feminicídio, tentativa de aborto, subtração de recém-nascido, parto suposto, ocultação de cadáver, fraude processual, falsificação de documento particular e uso de documento falso.

Felizmente a bebê, chamada Liara, está saudável e será criada em guarda compartilhada pela mãe e marido e Emilly.