Senador Jayme Campos bate de frente com a Azul: 'Monopólio já é caro e vai ficar inacessível'

Senador Jayme Campos denuncia

A notícia da suspensão de voos da Azul Linhas Aéreas a partir de julho, afetando rotas cruciais de Cuiabá para cinco capitais brasileiras Campo Grande, Curitiba, Goiânia, Brasília e Maceió , além do fim da rota direta para Alta Floresta (MT), causou uma onda de revolta no Senado. O senador Jayme Campos (UNIÃO) não mediu palavras ao classificar a medida como um "total desrespeito ao cidadão mato-grossense", alertando para os severos impactos econômicos e sociais que a redução de conexões aéreas trará para a região.

O Alerta do Monopólio Disfarçado
Jayme Campos criticou duramente o modelo atual da aviação civil brasileira, que, segundo ele, opera sob um "monopólio disfarçado". Dados da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) corroboram a concentração do mercado, com Azul, Gol e Latam dominando mais de 90% do transporte doméstico. Para o senador, esse cenário inibe a entrada de novas empresas e perpetua as tarifas elevadas, especialmente nas rotas regionais, onde a concorrência é quase inexistente.

A suspensão das rotas anunciadas pela Azul deve agravar um problema crônico no Estado: a escassez de voos e a alta nos preços das passagens. Com menos opções disponíveis, a tendência é que as tarifas remanescentes disparem, penalizando não apenas os passageiros, mas também as empresas que dependem do transporte aéreo para seus negócios. "O que já é caro tende a ficar ainda mais inacessível", criticou Jayme Campos, ecoando a preocupação de milhares de mato-grossenses.

Mato Grosso não pode ser refém
Para o senador, Mato Grosso, um dos maiores produtores de commodities do país, "não pode ficar refém de um sistema aéreo frágil". Diante da gravidade da situação, Jayme Campos anunciou que buscará uma solução junto ao ministro Sílvio Costa Filho, de Portos e Aeroportos. "Precisamos que isso seja esclarecido", disse ele, demonstrando urgência na pauta.

Além da questão dos voos domésticos, Jayme Campos também lamentou a subutilização do Aeroporto Internacional Marechal Rondon, em Cuiabá, que, apesar de habilitado para voos internacionais há mais de seis meses, segue sem operações regulares para outros países. O parlamentar defendeu a criação de uma rota entre Cuiabá e Lima, no Peru, como forma de impulsionar o comércio exterior e o turismo na região.

Fundo de aviação e serviço essencial
O senador cobrou ainda a utilização estratégica do Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC), que conta com R$ 6 bilhões em caixa, para subsidiar voos em regiões menos atendidas. "Precisamos de uma política nacional de aviação regional que priorize estados como Mato Grosso, que movimenta bilhões na economia, mas segue desconectado", argumentou.

Até o momento, a Azul Linhas Aéreas limitou-se a uma nota técnica informando que a decisão é parte de um "reposicionamento de rede", sem se pronunciar publicamente sobre as duras críticas. O Ministério dos Portos e Aeroportos também não comentou o caso, apesar de ter citado a aviação regional como "prioritária" em discursos recentes. Empresários e entidades de Mato Grosso já preveem prejuízos significativos.

A fala do senador Jayme Campos ressoa um debate fundamental: a necessidade de tratar o transporte aéreo como serviço essencial, e não como um produto elitizado. "Viajar pelo Brasil não pode ser um luxo — tem que ser um direito", declarou. "Vamos seguir lutando por uma aviação mais justa, acessível e integrada, à altura do Brasil que queremos construir."