Estudo
Pesquisa liga asteroide catastrófico com florestas de hoje
Pesquisador de pós-doutorado da UFMT fez parte do trabalho
Educação | 08 de Julho de 2021 as 13h 52min
Fonte: Redação com assessoria

Pesquisador de pós-doutorado da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) participou de um estudo, realizado no Panamá, que aponta a relação entre o asteroide que extinguiu os dinossauros, com o surgimento de florestas tropicais como as conhecemos, incluindo a Amazônia.
Essa é uma história de dezenas de milhares de gerações de seres vivos, sejam animais ou vegetais, que se inicia em uma época em que os continentes ainda nem tinham a configuração que conhecemos hoje — mas se pudéssemos voltar no tempo e observar o desenrolar de tudo o que aconteceu, seria algo assim:
Estamos no final do Cretáceo, conhecido como Maastrichtiano, aproximadamente 66 milhões de anos atrás, numa região próxima à linha do equador, conta o pesquisador Carlos D'apolito, pesquisador de pós-doutorado ligado à Faculdade de Geociências (Fageo) da UFMT.
O cenário é uma floresta dominada por árvores antigas, de caules altos, galhos espaçados e folhas como agulhas. Existem arbustos e também algumas plantas que trouxeram uma inovação evolutiva interessante: elas são capazes de produzir flores.
Por causa do formato conífero das árvores que ali habitam, da alimentação dos dinossauros herbívoros e mesmo da movimentação das espécies maiores, o solo da floresta consegue ver bastante sol, pois o seu dossel é aberto, o que permite que essas novas plantas — conhecidas como angiospermas — consigam os nutrientes para sobreviver, ainda que esses sejam escassos.
"Isso é muito diferente de muitas florestas tropicais de hoje em dia, sobretudo na amazônia, onde o sub-bosque é bastante protegido da luz solar e as plantas que ali habitam se adaptaram a estas condições", explica o pesquisador.
Tudo em ordem na Terra.
E talvez permanecesse assim por muitos anos ainda, não fosse o planeta estar na rota de um massivo asteroide de 2,6 toneladas, se aproximando a 12 km/s.
Seu impacto — que deixou uma cratera de 180 km de diâmetro em Chicxulub (México) — lançou na atmosfera tanta terra, que uma nuvem de poeira se formou e encobriu parcialmente o sol por meses, talvez até mesmo anos, ao mesmo tempo em que incêndios e tsunamis gigantes tomaram a Terra.
Plantas e animais na área do impacto provavelmente viraram pó, da mesma forma que o próprio meteoro, graças a energia incomparável liberada no momento em que se chocou contra a Terra.
E esse foi só o começo do processo de extinção.
"Estima-se que 75% dos animais e plantas terrestres foram extintos em algumas dezenas de milhares de anos ", disse o pesquisador.
Mesmo sendo um período de tempo curto em termos geológicos, essa extinção aconteceu ao longo de gerações de seres vivos, como um efeito dominó.
O sol encoberto impedia que as plantas conseguissem realizar a fotossíntese de forma satisfatória, diminuindo a oferta de alimentos para os herbívoros. Por consequência, a cada geração, o número de indivíduos dessas espécies diminuía, fazendo com que os carnívoros menores também sofressem pela falta de alimento e assim sucessivamente.
O cenário é, sem dúvida, catastrófico.
Mas, como diria o Doutor Ian Malcolm "Uma coisa que a história nos ensinou é que a vida não pode ser contida. Ela se libera, ela se expande a novos territórios e atravessa barreiras — dolorosamente, talvez perigosamente — mas a vida encontra um meio".
A mesma poeira que cobriu a atmosfera eventualmente baixou pelo dossel das árvores coníferas que resistiram e chegou ao solo empobrecido, criando um ambiente favorável de sol, espaço e nutrientes para que novas plantas surgissem.
"Aí, as angiospermas tiveram maior sucesso em se recuperar e dominar a estrutura da floresta. Os motivos para isso são vários e especulativos, entre eles, está o fato de que os nutrientes da poeira poderiam ter favorecido mais essas plantas com flores", apontou.
De acordo com o artigo, as diferenças vistas na composição floral e na estrutura do dossel das florestas do maastrichtiano e do paleoceno, mas similaridades a fisionomia de folhas, indicam que dois ecossistemas fundamentalmente distintos se desenvolveram no mesmo clima úmido e tropical.
Como se uma floresta totalmente diferente, florida, crescesse das cinzas de outra, no meio dos espaços abertos de outrora, ou ainda de novos espaços, criados pela extinção em massa.
Ainda assim, demorou milhões de anos para que esse sistema alcançasse a mesma diversidade vista durante Maastrichtiano.
"A história geológica mostra que mesmo uma catástrofe curta pode desequilibrar a vida no planeta por um longo período de tempo. Isso é um alerta para os tempos atuais. Hoje, toda destruição dos ambientes naturais acontece em uma velocidade incrivelmente mais alta do que em eventos geológicos do passado", conclui o pesquisador.
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