Espécies proibidas
Portaria 443 é uma moratória branca do desmatamento
Vice-presidente da FIEMT considera portaria do Ministério do Meio Ambiente um embargo velado
Economia | 05 de Fevereiro de 2015 as 16h 06min
Fonte: Jamerson Miléski

A abertura de novas áreas para agricultura e pecuária, bem como a industrialização de madeiras nobres estão proibidas por tempo indeterminado. É essa a leitura que o vice-presidente da Fiemt (Federação das Indústrias de Mato Grosso), José Eduardo Pinto, faz da portaria 443, publicada pelo Ministério do Meio Ambiente em dezembro de 2014. “A portaria é uma moratória branca do desmatamento”, afirmou.
O documento inclui novas espécies da flora brasileira ameaçada de extinção, sendo 31 encontradas no bioma mato-grossense. Com a portaria, está proibido o corte, coleta, transporte, armazenamento, manejo, beneficiamento e comercialização dessas essências. Caso similar já ocorria com a castanheira e com o mogno, que tiveram a extração proibida no Estado.
Para o setor produtivo, o problema está na dilatação dessa lista. A portaria inclui espécies amplamente utilizadas pelo setor madeireiro no Estado, como a Itaúba (uma das mais nobres essências beneficiadas no Norte do Estado), garapeira, canelão e cedrinho. “Existem empresas que focam seus negócios apenas nessas essências. Estas estão impedidas de trabalhar até segunda ordem”, comenta o vice-presidente da Fiemt.
Como a portaria proíbe inclusive o comércio e transporte, madeiras dessas essências que estão nos pátios das serrarias, que eram lícitas até o dia 17 de dezembro, agora são ilegais. “O madeireiro pode ser autuado caso haja uma fiscalização. Mesmo que não seja, tem prejuízo por estar com a matéria prima no pátio e não poder beneficiar e comercializar”, explicou Eduardo.
A portaria até prevê a permissão para a realização de extração, através do manejo sustentável dessas espécies, no entanto, fixa que as normas serão regulamentadas pelo Governo Federal. “Foi o mesmo que ocorreu com a cerejeira e o mogno. Tais normas de regulamentação nunca aconteceram”, retrucou Eduardo.
Crítico da medida tomada pelo Ministério do Meio Ambiente, o vice-presidente diz que não há embasamento ambiental na medida. Segundo ele, essas essências listadas não correm risco de extinção, sendo tão abundantes que garantem a oferta em escala, necessária a produção industrial. “Em cada projeto de manejo, a cada 9 árvores adultas colhidas, uma é deixada como sementeira. Se naquele hectare houverem muitas árvores adultas, só são retirados 30 metros cúbicos naquela área. Além disso, árvores com menos de 50 cm de diâmetro não podem ser retiradas. Ou seja, mesmo tirando a adulta, sobram oferta de árvores nessas áreas manejadas, que continuam sendo densas florestas. São mais de 3,6 milhões de hectares de floresta manejada”, explicou Eduardo.
O diretor da Fiemt e também do Sindusmad lembra ainda que apenas no parque do Xingu existe uma área de conservação com 2,8 milhões de hectares de floresta intacta. “E que está rica em itaúba e angelim. Risco de extinção não existe”, comentou.
Moratória branca
Para Eduardo, ao proibir a extração dessas espécies, abundantes na região, o Ministério do Meio Ambiente impede a abertura de novas áreas para a agricultura. Isso porque, mesmo quem tem a permissão legal de abrir 20% da sua área (conservando 80% com floresta em pé), não conseguirá fazer. “Ele terá que deixar essas espécies em pé. Ou seja, não conseguirá aproveitar comercialmente a sua propriedade, nem os 20% dela, que é um direito adquirido”, criticou.
A proibição também torna inviável o setor madeireiro, que fica a mercê de novas normas para poder industrializar a matéria prima que já tem nos pátios ou mesmo manter a linha de produção.
Medidas
Fiemt, Sindusmad, Cipem, empresários e demais lideranças tentam reverter a Portaria através de articulação política. O engenho deve ser necessariamente na esfera federal. Eduardo diz que a solução deve ser encontrada em breve. “Se não for pelas vias políticas, será pelas técnicas. Não há forma de dizer que itaúba e garapeira correm risco de extinção”, afirma.
Uma reunião está marcada para próxima semana.
Lista de espécies em risco de extinção que ocorrem em Mato Grosso
Espécies EN: Em Perigo
Quebracho - EN
Licania indurata Pilg - EN
Mamjuba - EN
Albizia glabripetala - EN
Pau-rosa – EN
Canela-sassafrás - EN
Jequitibá - EN
Bicuíba - EN
Congonha – EN
Espécies VU: Vulneráveis
Palmito-juçara
Ipê-felpudo
Cerejeira
Garapeira
Caviúna
Jatobá
Angelim-da-mata
Canelão-rosa
Itaúba
Castanheira
Cedrinho
Cedro
Mogno
Guaranazinho
Ucuuba-branca
Notícias dos Poderes
Empresários paulistas demonstram interesse em abrir filial de indústria de chumbadas ecológicas em Sinop
10 de Novembro de 2025 as 10h00‘Inflação climática’ afeta preços de alimentos da cesta básica
10 de Novembro de 2025 as 12h30Salários de até R$ 16 mil: Caixa publica edital de concurso nesta sexta-feira
Seleção é para cargos de nível superior, com oportunidades para engenheiros, arquitetos e médicos do trabalho. Provas estão marcadas para fevereiro de 2026.
07 de Novembro de 2025 as 14h31Transparência e tecnologia; a nova era do crédito consignado responsável
07 de Novembro de 2025 as 12h13Construção civil cresce em Sinop e registra quase o dobro de área construída em outubro
06 de Novembro de 2025 as 13h40Secretária explica quais impostos podem ser renegociados pelo Refis 2025; veja
06 de Novembro de 2025 as 14h00Quanto rende R$ 1 mil em Tesouro Direto, CDB e poupança com Selic mantida em 15%
Esse é o maior nível da Selic desde 2006. De um lado, os financiamentos e empréstimos continuam caros, mas de outro, o retorno da renda fixa continua bastante atrativo
06 de Novembro de 2025 as 10h33Por unanimidade, Senado aprova isentar IR para quem ganha até RS 5 mil
Cerca de 25 milhões de brasileiros vão pagar menos imposto
05 de Novembro de 2025 as 20h08